Jornalista Luiz Penha escreve... LÊDA PENHA, a remanescente do casarão da Pedro II
Leda durante festa do Bom Jesus/2013 com Pe. Edvaldo Brito |
O casarão da Pedro II, bairro do Alecrim, foi a casa
adquirida pelo meu tio José Penha, quando saiu do torrão amado, a praia de
Touros, para ser office boy da firma Galvão Mesquita Ferragens, bairro da
Ribeira, e, posteriormente, diretor da empresa. Foi lá que abrigou os pais e
irmãos, vindos de Touros para a capital.
O velho casarão foi a base, em Natal, para sobrinhos, primos
e conterrâneos estudarem e se firmarem no campo profissional.
João Penha e a esposa Tereza |
Em 1970 morre meu avô materno, eu, com cinco anos de idade,
lembro do velho enfermeiro Barroso, tourense de nascimento, barrando a minha
entrada no quarto para matar a curiosidade de ver meu avô, João, morto e
prostrado em sua cama.
Ali, naquele casarão, foram muitas lembranças, histórias e vivências. Minha avó Tereza, sentada em sua cadeira de rodas, como diz a canção popular.
Ali, naquele casarão, foram muitas lembranças, histórias e vivências. Minha avó Tereza, sentada em sua cadeira de rodas, como diz a canção popular.
Minha segunda mãe, Bernadete Penha (Deinha), com seu rádio,
escutando, aos domingos, a seresta transmitida do Clube dos Caçadores de Natal,
no mesmo bairro do Alecrim, além de seus dotes culinários.
A minha professora e artista, tia Carmelita Penha, repassando
conhecimentos nas artes industriais (talha, tapeçaria, etc). Bem como a
confecção de bolos artísticos, a música, o canto, enfim, uma multiartista,
hoje, com 94 anos de idade.
José Penha e o irmão Pe. Penha |
O tio Melquiades Penha, com aquela postura de militar,
convivência que desfrutei mais em sua terceira idade, muito presente na casa de
meus pais.
O tio Jaime Penha, orgulhoso do irmão padre, sempre disponível
a levá-lo no cumprimento de suas agendas clericais, bem como uma vida boêmia
marcante, do Alecrim à Ribeira.
O tio padre João Penha, que abraçou o sermão da montanha, e
tinha sempre um sermão quando precisávamos de um corretivo moral. Um grande
sonhador, que deixou marcas positivas em seu apostolado, no campo da educação e
cultura junto aos jovens, especialmente no movimento escoteiro.
A tia Graciete Penha, funcionária pública da rede estadual,
que se devotava ao trabalho e sempre que podia ia curtir sua amada Touros, bem
como em suas férias funcionais se mandava para o Rio de Janeiro para apreciar e
vibrar com o espetáculo das escolas de samba carioca.
A mãezona que abraçou Jesus, minha querida tia irmã Heloisa
Penha, que marcou época na cidade de Caicó, no educandário Santa Terezinha e
depois, em Natal, no Colégio das Neves, responsável pelo semi-internato da
escola. Hoje residindo na Vila Maria, em Emaús. Sempre com sua preocupação
extrema.
Neide Penha |
Aquele casarão foi palco de inúmeros acontecimentos, festas,
encontros, imensas alegrias. Foi lá que até bem pouco tempo residiu a
remanescente tia Lêda, a irmã Lucila, a professora Lêda, a irmã Lêda, Ledinha.
Lêda, depois de um proveitoso tempo de vida religiosa,
decidiu ser leiga, abraçando a causa da igreja, a seu modo, com seus cantos nas
missas, seja na comunidade São Pedro do Alecrim, capela do campus da UFRN, tv
universitária, além dos infindáveis casamentos em que ia tocar a tradicional
marcha nupcial, bem como a participação em corais da cidade.
Foi Lêda que me oportunizou o interesse pela música,
colocando-me para estudar na Sociedade de Cultura Musical, de Magnólia
Monteiro, e, anos depois, na escola de música da UFRN, à época, situada na rua
Potengi, Petrópolis.
Foi dali, do casarão da Pedro II, que partiu recentemente a
remanescente Lêda Penha de Souza.
O casarão está lá em pé. Nele entrei, saí, morei, vivi,
chorei, sorri, cantei, lamentei.
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